O livro “Oficiais do Crime” traz o testemunho real de um ex-policial, detalhando o que viu e ouviu durante seus anos de serviço à Polícia Militar do Rio de Janeiro. A obra reúne revelações sobre os esquemas corruptos conduzidos por oficiais de altas patentes e que desmoralizam uma instituição vital para a segurança pública brasileira.
O ex-policial militar, que preferiu o anonimato por questões de segurança, é chamado de Sargento Silva. Em seu livro, em coautoria com o jornalista investigativo Sérgio Ramalho, ganhador dos prêmios Vladimir Herzog e Esso, ele apresenta uma profunda imersão nas entranhas da PM. A partir das ilegalidades cometidas no Rio de Janeiro, eles ilustram o que acontece em corporações de todo o país.
Para garantir a proteção de todos os envolvidos, o livro traz nomes, datas e locais alterados. Ainda assim, os episódios narrados na obra são verídicos e expõem um cenário alarmante de corrupção institucionalizada. O ex-PM traz à tona denúncias e relatos vivenciados por ele e por colegas de farda.
Policiais de alta patente são exemplos negativos, segundo o livro
O título “Oficiais do Crime” faz alusão aos oficiais de alta patente que são o maior exemplo de desrespeito às leis. Vários deles, mesmo condenados pela justiça, continuam a receber seus salários, quando não promovidos.
Existem diversos casos nacionalmente conhecidos e amplamente divulgados pela mídia dos que cometeram os mais diversos crimes, muitos deles gravíssimos, e que até hoje não tiveram seus processos de exclusão instaurados ou concluídos. Do outro lado, os praças (policiais de baixo escalão) são sumariamente colocados para fora da corporação ao menor deslize.
O livro traz exemplos de abusos e explica como a “doutrinação para o mal” começa já na formação dos policiais. Desde os primeiros dias na academia, cria-se um ambiente de extrema rigidez e obediência absoluta. Os alunos passam por sessões intensas de exercícios físicos, como flexões e abdominais, que muitas vezes são usadas como punição por qualquer erro percebido.
“Praças trabalham 12, 14 horas em pé, muitas vezes sem alimentação, água ou qualquer pausa para descanso. Já os cavalos e cachorros da corporação só podem trabalhar até seis horas por dia e são alimentados de quatro em quatro horas”, diz um dos trechos da obra.
Esquema de subornos durante a formação de policiais em ‘Oficiais do Crime’
Os autores revelam um esquema de subornos durante a formação, em que cadetes são forçados a pagar dinheiro ou dar presentes caros para obter folgas ou dispensas. No livro “Oficiais do Crime”, fica claro como esse ciclo constante de pressão molda os futuros oficiais, que já começam suas carreiras imersos em um sistema que prioriza a lealdade aos superiores e a manutenção de privilégios, deixando a ética e o respeito às leis em segundo plano.
Entre as atividades ilegais destacadas estão o envolvimento de oficiais de alta patente com máquinas caça-níqueis, a distribuição ilegal de serviços de internet e TV por assinatura, além de fornecer segurança a criminosos. O livro também descreve práticas misóginas e abuso de poder, como forçar policiais mulheres a participar de orgias vistas como “ritos de iniciação”.
O livro mergulha nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que, segundo Silva, tornaram-se verdadeiros territórios de corrupção. A Coordenadoria de Polícia Ostensiva é apresentada como um batalhão a serviço do crime organizado, enquanto o corporativismo entre os oficiais corruptos é destacado como a raiz de muitos problemas no órgão.
O título evidencia o contraste gritante entre a excelente condição de vida dos marginais protegidos por esses esquemas e as péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos policiais honestos.
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‘Oficiais do Crime’ é um arleta para a sociedade
Ao quebrar o silêncio, o Sargento Silva expõe a degradação moral em setores que deveriam proteger a ordem. O livro “Oficiais do Crime” reforça a importância de discutir a ética na segurança pública, questiona o papel de uma instituição com séculos de história e destaca a necessidade urgente de uma reforma profunda na estrutura da Polícia Militar.
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O livro “Oficiais do Crime” está disponível para venda na Amazon a partir de R$ 43,81 ou em livrarias físicas e na Matrix Editora, por R$ 52.